30 de maio de 2006

A minha alma está parva!

Sou professor, gosto do que faço e acho que não o faço mal, mas a Sr.ª Ministra está a conseguir desmotivar-me completamente. Está a deixar-me com vontade de emigrar (não o irei fazer, pelo menos para já). E pelo que ouvi hoje de muitos colegas, a desmotivação é total. Seremos nós o cancro da sociedade? Ou serão os sr.s Políticos que absorvem até ao tutano os € de Portugal para seu próprio proveito (salvo raras excepções)?

Ligação ao Educare

Que frustração!

Nota: não é por ser avaliado pelos pais, já o sou todos os dias de forma implícita. Há muito escondido nas entrelinhas e muito mais do que aquilo que passa na televisão.

8 comentários:

Diário de um Anjo disse...

Tens toda a razão. Cada vez mais penso que vivo num país de terceiro mundo. Se as pessoas soubessem o que se passa "atrás das cortinas". Eu, quando saio do trabalho, tenho que esquecer o que ouvi e vi, senão fico deprimida.

Keratina disse...

Eu só pergunto: e ninguem mais vê aquilo que muitos alcançam?
Será que ninguem ouve os apelos de socorro, de ajuda? Em que ponto desta jornada é que errámos todos?
Pergunto-me tantas vezes onde é que nos deixámos ir na corrente? Ninguem sabe, ninguem se apercebe, e tudo piora...

Susana Guerreiro disse...

É uma profissão ingrata, que as pessoas minimizam, mas que para mim uma das mais importantes e difíceis.
Estamos habituados a maltratar a nossa sociedade, o nosso povo.
Em todas as profissões há bons e maus profissionais. A solução passa por dar-lhes as condições de que precisam para fazerem um bom trabalho e, principalmente, motivação.

O País e o Mundo disse...

"A Federação Nacional dos Professores (FENPROF) manifestou-se "claramente contra" a possibilidade de os pais avaliarem o desempenho dos professores, já que os pais não têm competência científica para tal"
Acho que esta frase ilustra bem a minha opinião, mas se ainda assim a Srª Drª Ministra diz que eles avaliaram a disponibilidade e acompanhamento do professor eu gostava de saber como. Será que os pais vão regressar às aulas?
Não...não poderão estar a pensar colocar os professores à merçê dos juizos dos alunos?!
Toda a gente sabe que os alunos são totalmente parciais e têm por missão odiar sempre o professor.
Será isso?
Se de facto querem avaliar os professores, o que até nem acho mal pois a sua responsabilidade é imensa e na classe também há maus profissionais, que o façam por quem sabe!
Por profissionais credênciados para isso...
Mas pois, aí seria gastar mais dinheiro pois teria de se empregar gente! Pois...
É à portuguesa, inovar sem orçamento é um passo para trás.

O Mafarrico disse...

Comentário de uma ex-professora (devidamente licenciada e profissionalizada): Os professores são precisos, mas precisam de ter espaço de manobra, tanto em questões disciplinares como de conteúdo programático. Eu cansei-me de trabalhar com programas impostos pelo Ministério, onde nada, ou quase nada, fazia sentido ou sequer "jogava" com a realidade dos miúdos... Aquilo que devia ter sido aprendido atrás não o tinha sido e as aulas acabavam por ser uma miscelânea de conteúdos, um professor anda para trás e para a frente, a tentar recuperar o tempo perdido e preocupado em cumprir o programa.

Sou linguista. Acho uma alarvidade perder-se tempo com literatura e conceitos que os miúdos não compreendem por, muitas vezes, não terem a maturidade e as "ferramentas psicológicas" para lá chegarem. Os programas são desadequados. Dá-se a literatura e os miúdos chegam ao final do 9º ano sem saberem escrever uma carta, preencher formulários, fazer requerimentos por escrito, responder a inquéritos, etc. Essas é que são as ferramentas necessárias à cidadania, à participação efectiva na sociedade, pois os cidadãos têm de saber o que se passa à sua volta e saberem responder. Pode complementar-se o ensino do português com literatura, mas não se deve fazer dela o centro.

Os alunos, muitas vezes, nem o próprio nome sabem escrever sem darem erros. Ao corrigir alguns testes de Português, eu começava a descontar pontos logo no cabeçalho - no nome próprio e no nome da disciplina.

No entanto, se o aluno não aprende ou não tem motivação para aprender, a culpa é do professor.

É difícil dar motivação a quem não a quer ter...

E o papel dos pais na motivação para os estudos e para a evolução pessoal, onde fica?

Cansei-me logo no estágio (que foi muito traumático). Não arranjei colocação... E mudei de profissão. Não me arrependo. Sei que não conseguiria aguentar-me muito tempo como professora. Preocupo-me demais, fico demasiadamente angustiada e aflita com o futuro que se apresenta aos miúdos, muito mais aflita do que os próprios ou os pais.

Para Vido:
Se tiveres a coragem para continuares a ser professor e para fazeres bem o teu trabalho, já sabes que ainda muito terás de remar contra a corrente. Talvez o segredo seja não desistir e procurar o que de mais belo a tua profissão pode ter e ampliá-lo, até preencher também as justas revoltas e as mais que compreendidas amarguras. :)

O Mafarrico disse...

Bolas! Escrevi que me fartei! Sorry!

Tongzhi disse...

Eu sinto o mesmo que tu da parte dos professores com quem trabalho diariamente. Pensar que se consegue resolver alguma coisa por esta via, é um autismo, digno de uma pessoa pouco inteligente - A Sra Ministra.
E quanto mais no inicio da carreira pior. Quem tem vontade de trabalhar com as perspectivas de a todo o momento vir a ser "empurrado" para outra escola?
Eu sei que a natureza do trabalho é cada vez mais precário mas assim tanto também não!

MH disse...

Quero apenas dizer que em Portugal o ensino é uma verdadeira merda... Felizmente há professores e escolas exemplo de que se deve e como fazer... Português e Matemática. Quando vejo as estatísticas até fico parvo... Tudo está mal desde a origem. Vejamos! O que era preciso para ser professor no passado? Ser licenciado e estar muitas vezes desempregado.
Para ser professor à que ter a capacidade de passar, transmitir, motivar, e captar a atenção, é necessário ter vocação, técnicas pedagógicas, é necessário estar profissionalizado.
Não leves a mal, mas eu pessoalmente tive professores, e foram muitos que, enfim… Outros eram muito inteligentes e tinham o conhecimento, mas… Não gostava de matemática até o 7º ano até conhecer um professor que fez com que me apaixonasse pela matemática. É apenas um exemplo, mas a matemática é um jogo de números, então porque não lecciona-la, como se de um jogo, se tratasse, com toda a certeza haveria mais apaixonados como eu… No Português não sou muito bom, e porque? Tinha de decorar como se escrevia, decorar a gramática, enfim… Não explicavam o porque de ser assim ou assado, cozido ou cosido, enfim… Ensinem, por favor, as crianças a brincar com as matérias, inventem jogos pedagógicos, técnicas pedagógicas, se for preciso tirem um curso de Formação de Formadores no melhor centro de formação e terão resultados excelentes…
Repara! Muitas vezes os programas são mesmo uma treta e vocês têm de leccionar matérias que não levam a lado nenhum, e será sempre assim… Então, porque não lapidar o diamante no estado bruto, e torna-lo numa linda e preciosa pedra?
Ser avaliado por quem não vos conhece é de gritos, mas se vocês forem muito bons no que fizerem, os resultados falarão por si e não precisão de justificar nada, apresentem apenas os resultados :)
Estive numa turma de 30 alunos e quase todos repetentes no 7º ano, e a matemática nem te digo, mas no fim do ano apenas houve duas ou três reprovações… Dá que pensar…
Desculpa o desabafo e lutem por uma educação melhor no nosso país, afinal é ela a base da sociedade :)